A grande maioria das fabricantes de carros elétricos fazem questão de deixar claro que seus modelos são movidos a energia. Quer seja pelo visual diferente ou construção completamente diferente dos modelos a combustão. Só que o que sempre pesa é a dirigibilidade completamente diferente. O que não acontece com o .
Ainda que tenha elétrico em seu nome e não tenha um equivalente idêntico a combustão como referencial, o Kia EV5 é muito diferente do típico carro elétrico. O que é ótimo. Somente a marca sul-coreana e a BMW tem conseguido fazer algo nesse nível, que é tornar o carro elétrico algo normal, não excepcional. E ainda com alma. Explico.
Impulso diferente
Um carro elétrico, em geral, tem aceleração fortíssima e instantânea. Especialmente quando falamos de carros mais potentes, eles te grudam no banco e saem acelerando com tudo. O Kia EV5 não faz isso. É curioso que o pedal do acelerador entrega um impulso forte a meio pedal. Só que, quando você pisa com tudo, a entrega de torque é mais linear.
É quase como se ele fosse um carro turbo com câmbio CVT. Você tem força de sobra dos 217 cv e 31,6 kgfm de torque, mas sem o soco que um elétrico típico faz. Dinamicamente, o SUV também é muito bem acertado. A suspensão é suficientemente firme para mantê-lo estável em diversas situações, mas ainda confortável para lidar com os buracos sem problemas.
Claro, o Kia EV5 é um SUV, então vai inclinar um pouco nas curvas. Mas o centro de gravidade baixo ajuda a deixar tudo no lugar. A direção é bem artificial no modo Normal, mas fica mais interessante em Sport, onde ganha mais firmeza e fica mais rápida. É um carro que foi pensado por quem gosta de dirigir.
Números chamativos
Apesar de o test-drive ter sido curto, deu para explorar um dos itens mais interessantes do Kia EV5. O SUV elétrico conta com paddle-shifts atrás do volante, mas não para trocas de marchas. Na realidade, você controla o quanto de freio regenerativo ele utilizará. Pode ir de totalmente solto ao nível 4 que já funciona como iPedal.
A vantagem de usar esse sistema é economizar no freio e ganhar alguns quilômetros na autonomia. Na estrada, deixar o EV5 solto permite aproveitar da inércia para andar quilômetros sem pisar no pedal. Já na cidade, a regeneração mais alta ajuda a recuperar energia e gerar menos movimentos de pedal.
Por isso que a autonomia oficial declarada de 402 km segundo o INMETRO e 550 km de acordo com o ciclo WLTP parecem totalmente cumpríveis pelo Kia EV5. Vale lembrar que o SUV elétrico usa baterias Blade da BYD, que são conhecidas pela ótima autonomia e também resistência a acidentes.
Uma nova fase
Algo que impressionou positivamente no Kia EV5 é como o modelo é usado, mas sem exagero. A marca sul-coreana tem apresentado com maestria fórmulas de deixar seus carros diferentes dos demais, mas sem exagerar, como sua irmã Hyundai às vezes faz. O EV5 é quadrado, parrudo e cheio de linhas modernas.
Por dentro, a cabine entrega o mesmo nível de modernidade com ousadia. Um dos pontos mais diferentes é a extensão do banco do passageiro sobre o console central, quase que formando um sofá. O espaço logo abaixo é aproveitado por um gavetão para os bancos traseiros, visto que há espaço de sobra.
Ele conta com uma tela enorme dividida em três sessões: painel de instrumentos totalmente digital, central multimídia e, entre elas, comandos para o ar-condicionado. Só que, mesmo com a tela dedicada a isso, a Kia deixou comandos físicos para controlar temperatura e ventilação do sistema. Além disso, o sistema de som também tem botão físico.
A única parte touch são os atalhos que ficam logo acima das saídas de ar. Na contramão de muitos modelos, mas algo que é necessário, o Kia EV5 tem botão para ligar e desligar o carro junto da manopla de câmbio na coluna de direção. A ergonomia é perfeita, sem inventar moda com soluções mirabolantes ou comandos touch desnecessários.
É grande
Em relação ao acabamento, não espere por algo no nível de seus rivais como Volvo XC40 e BMW iX1. O Kia EV5 ainda é um carro de marca generalista, mas é bem feito. Tem painel com revestimento macio, assim como parte das portas. Mas há plásticos duros por vários cantos, ainda que sejam bem montados e bem feitos.
O espaço interno é generoso, com boa amplitude de ajustes para os bancos dianteiros e para o volante. Atrás, mesmo um motorista alto consegue deixar espaço de sobra para um passageiro igualmente alto. As pernas ficam esticadas e a cabeça tem área de sobra, ainda que o teto solar devesse roubar espaço – o que não faz.
O porta-malas carrega 513 litros e conta com várias divisões na lateral, além de um fundo falso com dois espaços revestidos em plástico para itens molhados. No porta-malas dianteiro, o Kia EV5 ainda tem 67 litros adicionais.
Veredicto
O Kia EV5 continua a ser como os últimos Kias lançados no Brasil: muito melhor de dirigir do que deveria para uma marca generalista, com visual bem ousado e lista de equipamentos generosa. Adicione isso ao fato de ele ser um elétrico que não tem a chatice de um carro elétrico e que facilitará a transição para quem sai de um modelo a combustão.
Só que o problema é o preço. Custar R$ 399.990 o coloca como rival de Volvo XC40 e BMW iX1. Por melhor que esse SUV seja, e ele é um carro bom, ainda é um Kia. Para boa parte dos brasileiros, o fato de ter uma grife estampada na grade frontal pesa muito mais do que as inerentes qualidades de um carro.
Você teria um Kia EV5? Conte nos comentários.