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Avaliação

Impressões: e-tron Sportback é elétrico por acaso e Audi por completo

Preservar a essência de uma marca em um carro elétrico nem sempre é fácil, mas a Audi conseguiu com o e-tron Sportback

Audi e-tron Sportback [Auto+]
Audi e-tron Sportback [Auto+]

Quando os primeiros carros híbridos ou elétricos de produção em massa surgiram no começo dos anos 2000, parecia que em estilo e em performance eles precisavam gritar o tempo todo “olha, eu sou ecologicamente correto!”. As coisas evoluíram e chegamos hoje ao Audi e-tron Sportback.

Segundo modelo 100% elétrico da Audi, o e-tron Sportback é a versão cupê do SUV e-tron lançado há alguns meses. Apesar de suas câmeras no lugar dos retrovisores e da grade frontal fechada, dificilmente você olhará para esse carro e pensará tratar-se de um elétrico. Ele é um Audi em sua essência visual e também na hora de dirigir.

Audi e-tron Sportback [Auto+]
Audi e-tron Sportback [Auto+]
Nesse primeiro contato curto com o SUV cupê da Audi, partimos de São Paulo rumo a Campinas, interior de São Paulo, em uma rota de mais de 200 km (considerando o trajeto de ia e de volta) para testar se a declarada autonomia de 446 km consegue ser cumprida na prática em uma rota que mistura cidade e estrada.

Choque de realidade

Ninguém que compra um carro da Audi espera um modelo lento ou sem aquele toque de diversão ao volante. E se esse era seu medo com o e-tron Sportback, simplesmente por ele ser elétrico, reveja seus conceitos. Escondido na dianteira e na traseira estão dois motores elétricos que entregam juntos 408 cv e 67,7 kgfm de torque.

É um nível intermediário de torque entre as insanas peruas RS 4 e RS 6, só que a diferença é que o e-tron entrega tudo isso no primeiro toque do acelerador. É uma forte e chocante patada (não, isso não é uma piadinha infame porque ele é elétrico). O corpo gruda nos bancos enquanto o SUV dispara em silêncio.

Audi e-tron Sportback [Auto+]
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O máximo de ruído que você ouvirá é quando o motor elétrico começa a funcionar e um pouco dos pneus. A Audi soube fazer um ótimo trabalho de isolamento acústico que mantém a cabine à prova de ruídos externos mais significantes. Nem mesmo o barulho de vento se mostrou presente.

Vale lembrar que o Audi e-tron Sportback tem diversos modos de condução que afetam as respostas do acelerador. Em Dynamic, ou com o câmbio em S, ele entrega uma faixa extra de potência que disponibiliza toda a força dos dois motores elétricos e deixa tudo ainda mais rápido.

Honra ao quattro

No primeiro trecho de viagem, seguimos por estradas sinuosas, com curvas abertas e de bastante inclinação. Um bom trecho para testar se o e-tron Sportback honra o legado dos modelos quatro da . Em virtude do posicionamento dos motores, cada um fica responsável por enviar força para cada eixo,provendo tração integral.

Audi e-tron Sportback [Auto+]
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A Audi diz que ele é um carro prioritariamente traseiro, mas que envia força para a dianteira quando necessário. Apesar de pesar 2,65 toneladas, ou o peso de dois Audi A3, o e-tron é neutro nas curvas e sabe lidar muito bem com os quilos a mais por conta das pesadas baterias.

Como seu centro de gravidade é alto, os 1,61 m de altura não fazem com que a carroceria se incline demais em curvas mais fortes. Mesmo com 2,04 m de largura e 4,09 m de comprimento, o e-tron Sportback é ágil quase como um hatch médio.

Para ajudar nessa sensação, a Audi instalou no SUV elétrico suspensão adaptativa. Em modo mais esportivo, ela fica rígida (sem ser dura ou desconfortável) e faz com que a carroceria grude nas curvas. Já no modo mais confortável, o e-tron roda na estrada flutuando, com mais oscilação, mas de maneira relaxante.

Elétrico na realidade

Ao partir de São Paulo com o e-tron totalmente carregado, ele apontava 327 km de autonomia total, vale lembrar que ele faz esse cálculo de acordo com o perfil de condução do motorista. Após mais de 100 km até Campinas com trechos urbanos e de estrada, ele chegou com 228 km ainda restantes.

Na prática, ele andou mais do que verdadeiramente consumiu. Um dos truques para aumentar sua autonomia está atrás do volante. As borboletas usadas para trocas de marcha em carros normais são usadas no e-tron para controlar a regeneração das baterias. Em descidas, ao ativar a primeira fase de regeneração ele consegue manter velocidade e ainda recarregar as baterias.

Audi e-tron Sportback
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No segundo toque, a regeneração fica mais forte e é capaz de fazer o Audi praticamente parar em um sinal sem pisar no freio. Através de seus sensores, ele também ativa automaticamente esses modos de regeneração ao detectar um carro à frente. É uma tecnologia não intrusiva, mas sentida, que faz a vida mais fácil a bordo do SUV elétrico.

Após algumas voltas pela cidade em busca de um ponto de carregamento para carros elétricos, o e-tron baixou para 206 km de autonomia, elevado a 225 km após cerca de 20 minutos em um ponto de recarga rápida. Aliás, aqui vale uma disparidade: São Paulo está recheada de pontos de recarga, enquanto Campinas, a maior cidade do interior paulista, tem pouquíssimos pontos de recarga e, dos quatro visitados, três estavam quebrados e completamente inutilizáveis.

A volta foi marcada por maior tempo na estrada, um ambiente em que os carros elétricos tendem a sofrer e gastar bem mais. Em velocidades mais altas e retomadas constantes, o e-tron Sportback deveria, em tese, esgotar sua autonomia com mais voracidade. Mas, ironicamente, chegou à sede da Audi após 99 km percorridos com autonomia suficiente para mais 132 km.

Reinvenção da roda

Lembra quando falei que o único ponto em que o Audi e-tron Sportback força a barra como os antigos elétricos era em seu retrovisor? Pois bem. As câmeras de alta definição são bonitas de serem vistas por dentro e por fora, mas péssimas na utilização diária. Apesar de acostumar depois de alguns quilômetros andando para frente, elas não dão confiança na hora de manobras de ré.

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Em especial a tela do lado do motorista, necessita de um deslocamento de cabeça muito grande para que possa ser vista, afinal, ela fica na porta. Além disso, a tela parece pequena demais para enxergar suficientemente bem. Do lado do passageiro, por conta da inclinação e distância, esse efeito é menos sentido. Ainda bem que é um caro e totalmente dispensável opcional.

A cabine é bastante tecnológica e recheada de mimos. Com cinco telas ao todo, sendo duas do retrovisor, uma da central multimídia, uma para o ar-condicionado e o painel de instrumentos digital, o e-tron Sportback entrega um ambiente contemporâneo e refinado. Há até toques de madeira falsa na parte superior que são um charme a parte.

A exceção de alguns plásticos duros nas partes inferiores do painel, o e-tron tem montagem sofisticada e com materiais de primeira qualidade. Os bancos, em especial, merecem destaque pelo conforto e pela combinação de couro a uma espécie de veludo macio.

Veredicto

Partindo de R$ 511.990 (R$ 551.990 na versão Performance Black testada), o Audi e-tron Sportback é um carro elétrico sem as típicas (e chatas) concessões de um carro que não é movido a gasolina. Tem ótima autonomia, potência e torque de sobra, dinâmica esperada de um Audi esportivo e o luxo necessário para um SUV quer brigar com Mercedes-Benz e BMW.

É ainda um carro bastante caro, mas é ainda assim menos custoso na hora de comprar e de abastecer que outro SUV cupê da Audi, o Q8, que tem performance e porte semelhante (ele é um pouco maior que o e-tron Sportback). Se sua cidade tem estrutura para carros elétricos ou há espaço na sua garagem para instalar o carregador da Audi (de série em todos os e-tron), ele é uma alternativa real aos bebedores de suco de dinossauro.

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