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Hyundai Creta Prestige é competente, mas rugas apareceram - Avaliação

Versão topo de linha do Hyundai Creta, a Prestige, ainda é muito atrativa, mas começa a mostrar sinais da idade perante rivais

Hyundai Creta Prestige [Auto+ / João Brigato]
Hyundai Creta Prestige [Auto+ / João Brigato]

O segmento de SUVs compactos é implacável. Se antes ter algum equipamento diferente já era suficiente para chamar a atenção, agora é preciso se modernizar rapidamente para acompanhar o ritmo frenético da categoria. O Hyundai Creta viveu esses dois momentos: já foi o sopro de novidade, especialmente na versão Prestige, mas agora algumas de suas rugas estão aparecendo.

Ainda que seja um carro relativamente moderno, afinal ele foi lançado globalmente em 2015, o SUV compacto da Hyundai já tem alguns pontos em que ele demonstra estar atrasado frente à concorrência. Extremamente competente no que se propõe, o Creta Prestige de R$ 111.990 ainda é atraente no segmento?

Hyundai Creta Prestige [Auto+ / João Brigato]
Hyundai Creta Prestige [Auto+ / João Brigato]

Caminhos diferentes

O Hyundai Creta é diferente de todos os outros SUVs compactos da categoria em sua essência. Fora o Jeep Renegade que tem base criada para SUVs e picapes, todos os rivais são feitos tendo como base um hatch compacto. Mas o Creta não.

Ele é feito sobre a mesma plataforma do Elantra, o que dá a ele medidas mais generosas. São 4,27 m de comprimento, 1,78 m de largura, 1,63 m de altura e 2,59 m de entre-eixos. Isso se traduz em espaço interno farto. A segunda fileira de bancos, por exemplo, tem boa área para as pernas e ainda permite inclinar o encosto de maneira confortável.

Hyundai Creta Prestige [Auto+ / João Brigato]
Hyundai Creta Prestige [Auto+ / João Brigato]
Já o porta-malas com 431 litros é um dos maiores da categoria. Ainda conta com dois bolsões laterais para separação de pequenas cargas. O piso do porta-malas é móvel e conta com divisória central, que ajuda a esconder alguns itens na área do estepe.

Sem excessos

Enquanto a cabine do Hyundai HB20 Diamond Plus peca pelo excesso quase cafona de marrom, a marca sul-coreana resolveu ser mais contida e elegante no Creta. Ele tem boa parte dos plásticos pintados em preto, mas traz a parte central do painel em marrom texturizado, assim como os puxadores das portas.

Hyundai Creta Prestige [Auto+ / João Brigato]
Hyundai Creta Prestige [Auto+ / João Brigato]
Em contraste ficam os bancos revestidos em couro bege com filetes laterais em marrom. É uma elegante combinação que deixa a cabine arejada e refinada. O Creta merece elogio também pelo acabamento que, apesar de ser todo de plástico duro, tem muito couro nas portas, inclusive traseiras.

Os encaixes são bem feitos e a qualidade dos matérias empregados é boa. Mas é justamente lá dentro que o Creta deixa a idade transparecer. O painel de instrumentos é totalmente analógico e conta com uma pequena telinha monocromática com poucas funções.

A central multimídia não é das maiores, tem definição apenas ok e é lenta. Os menus não são tão intuitivos assim e a maioria das teclas na lateral da tela são pouco utilizadas. Ao menos tem tv digital para quem quer sair de casa e não perder a novela. Mas, por segurança, as imagens não são exibidas quando o carro se movimenta.

Dois pontos legais do Hyundai Creta Prestige são o local para carregamento de celular por indução e o banco do motorista com resfriamento. Em dias quentes essa função é excelente, especialmente porque o ar-condicionado digital de uma zona demora a refrescar toda a cabine.

A lista de itens de série da versão Prestige ainda traz faróis com acendimento automático e projetor, chave presencial, pulseira inteligente que funciona como chave, luzes diurnas de LED no para-choque, retrovisores e vidros elétricos, controle de tração e estabilidade, seis airbags, luzes traseiras de LED do velho Creta indiano e rodas de liga-leve de 17 polegadas.

Quesito SUV

A posição de comando do Hyundai Creta é típica de SUV. Ou seja, você se senta mais alto, com as pernas mais dobradas e mais alto em relação ao solo. O volante tem ajuste e altura e profundidade, o que ajuda a encontrar a posição perfeita. Mesmo ao longo de horas atrás do volante, ele é confortável e não cansa.

A linha de cintura não é muito alta e a área envidraçada do Creta é generosa. Apesar da coluna C ser praticamente fechada, não é difícil manobrar o SUV compacto. Ele conta com câmera de ré de definição ruim e sensor de ré que facilitam a vida. Mas há de notar que o para-brisa fica bem próximo ao motorista como em carros mais antigos.

[Auto+ / João Brigato]
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Seu jeito próprio

Outra disparidade do Creta frente aos seus rivais é o motor. De maneira geral, outros SUVs compactos usam motores de até 1.8 litro ou turbo. A Hyundai puxou o motor 2.0 quatro cilindros aspirado do Elantra com 166 cv e 20,5 kgfm de torque. Hoje ele é o único SUV compacto com motor 2.0 aspirado no mercado se excluído o EcoSport Storm que vende pouco e tem tração 4×4.

Atualmente a maioria dos rivais são turbinados ou tem motores com deslocamento menor e potência parecida. Na prática, isso se traduz em um consumo alto. Bem alto. O Creta Prestige faz 6,9 km/l na cidade com etanol e 8,2 km/l na estrada com o mesmo combustível. Em nossos testes com etanol, a média de consumo foi pior na cidade e um pouco melhor na estrada. Já com gasolina chega a 10 km/l e 11,4 km/l na cidade e estrada, respectivamente.

[Auto+ / João Brigato]
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Só que 166 cv e 20,5 kgfm de torque podem ser muito divertidos para um SUV desse tamanho. O Creta acelera com vigor e é forte. Seu motor aspirado tem bom fôlego para ganhar velocidade rápido sem a típica enfraquecida de alguns rivais turbo em altas rotações.

Linha conforto

Contudo, a transmissão automática de seis marchas segura boa parte dessa diversão. Ela trabalha voltada ao conforto e na tentativa de diminuir o consumo. Com isso, o Creta troca de marcha cedo e trabalha em baixa rotação boa parte do tempo – ainda que seu acelerador seja sensível a qualquer toque um pouquinho mais forte.

[Auto+ / João Brigato]
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Assim que o pé alivia o pedal do acelerador após uma pisada para uma ultrapassagem ou algo do gênero, a transmissão automática se desespera e rapidamente agiliza a troca de até duas marchas, derrubando a rotação.

Na estrada, ele costuma desacoplar a transmissão em retas e momentos sem aceleração para baixar ainda mais a rotação e economizar combustível. Mas basta um toque no acelerador para uma resposta rápida e o motor voltar a encher. As trocas são bastante suaves e praticamente imperceptíveis.

Nessa pegada de conforto também está a suspensão. O Hyundai Creta Prestige não vai ser o SUV para fazer curvas rápidas ou para andar na terra. Seu território é o asfalto, onde ele se mantém sereno e absorve com competência os impactos. Não abuse dos buracos pois o conjunto é um pouco barulhento.

Veredicto

Atualmente o Brasil é o único país que ainda produz a primeira geração do Hyundai Creta e isso, sinceramente, não é ruim. O novo modelo terá desenho bastante polêmico, mas ganhará as tão desejadas modernidades que já fazem falta nessa atual apresentação.

[Auto+ / João Brigato]
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Ainda assim, o Creta Prestige é um SUV competente, muito espaçoso, com boa lista de itens de série e preço dentro do que é esperado pela categoria. Bebe demais, é verdade, mas anda bem na mesma proporção, algo que o modelo 1.6 não consegue fazer. Além disso é confortável, algo prezado por donos de SUVs.

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