Culpe a Ford Ranger ou até mesmo a recente atualização da Chevrolet S10. Mas a grande maioria das caminhonetes médias hoje à venda no Brasil já mostram fortes sinais de idade. Isso é reforçado pelo fato de que os projetos todos são da década passada (da S10, inclusive) e pedem por atualizações mais fortes. E nisso, se insere a Nissan Frontier Attack.
Apelando para o custo-benefício forte, a caminhonete japonesa não esconde mais que o tempo passou e já está na hora de uma mudança radical. Por sorte, a nova geração já está em testes lá fora e será baseada na recém-renovada Mitsubishi L200 Triton. Mas, por R$ 266.590, os predicados disfarçam as rugas?
É o que você precisa
Situada acima da SE, que é mais voltada a trabalho, mas abaixo da XE, que tem pegada mais refinada, a Nissan Frontier Attack tem boa lista de itens de série e um visual único. Ela traz rodas de liga-leve de 17 polegadas em preto brilhante, para-lamas alargados e santantônio como itens exclusivos.
Além disso, os logotipos são em cinza acetinado escuro, tom também usado na grade frontal, que acompanha as maçanetas, rack de teto e retrovisores preto brilhante. Por dentro não há nada específico para a Attack, mas há acabamento em preto brilhante e tecido com elementos 3D.
A lista de itens de série é enxuta, mas não básica. Ela conta com ar-condicionado analógico, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay via cabo, seis airbags, controle de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, piloto automático, direção hidráulica com ajuste de altura, monitoramento de pressão dos pneus, retrovisores elétricos e quatro vidros elétricos.
Biturbo
Diferentemente de todas as concorrentes, que usam motor com turbo único, ou apelam para o V6 (como Amarok e Ranger), a Nissan Frontier Attack é servida por um 2.3 quatro cilindros biturbo diesel de 190 cv e 45,9 kgfm de torque. Ela está abaixo da regra velada do segmento de, pelo menos, 200 cv e 50 kgfm de torque.
E isso é sentido na condução diária. O motor ronca e ronca, mas não desenvolve tanto. Especialmente porque a força de verdade chega só em rotações bem altas. O ruído interno é alto, assim como a aspereza do conjunto. Em retomadas, a Frontier demora para ganhar velocidade.
A vantagem é que o câmbio automático de sete marchas tem uma boa conversa com o motor, reagindo rápido às demandas do acelerador. As trocas são muito suaves e feitas na hora certa. Mas fica sempre a sensação de que poderia reduzir uma marcha para fazer o motor biturbo ter mais fôlego nas retomadas.
Dinâmica japonesa
Um dos grandes destaques da Nissan Frontier é seu conjunto de suspensão. Ela é a única que conta com sistema com molas helicoidais na traseira, enquanto as rivais contam com feixe de molas. Isso faz com que o comportamento da caminhonete seja menos saltitante, especialmente se comparado à puladora Fiat Titano.
Ela é mais na mão e estável, principalmente em velocidades mais altas. Para o uso como automóvel de passeio, esse layout se torna mais adequado. O que é uma contrapartida com a direção elétrica. Ela é pesada e lenta em baixas velocidades, enquanto em alta se torna excessivamente leve. Um conjunto elétrico ficaria melhor.
Aqui a ruga pesou
Se na parte dinâmica, o peso da idade é sentido na Nissan Frontier, a cabine deixa tudo mais claro ainda. O acabamento é bom, feito com plásticos de qualidade, bem montados e com aparência agradável. Mas o layout usado mostra que o tempo passou rápido. Nem mesmo o volante do Kicks ajuda.
As saídas de ar são as mesmas do finado March, enquanto os botões de porta e painel de instrumentos são os mesmos do atual Sentra. Contudo, o visual em Y do painel e do console central, algo que foi moda no começo dos anos 2010, já não convence nos dias atuais onde linhas horizontais dominam.
Só que o ponto mais crítico é que não há onde colocar o celular. É algo essencial para um carro que não tem conexão sem fio com Android Auto e Apple CarPlay. O console central é muito raso e escorregadio, o que faz o aparelho voar em uma curva. Já os bolsões laterais são pequenos para um celular maior que um iPhone normal.
Em contrapartida, algo que a Nissan domina com maestria são os bancos. Eles são extremamente confortáveis, macios na medida certa, mas firmes nas laterais para segurar o corpo com segurança. Você vai dirigir a Frontier por horas e não se sentirá cansado. O espaço traseiro é apenas ok, não sendo referência nem pelo lado positivo, nem pelo negativo.
Veredicto
O que encanta na Nissan Frontier Attack é ter preço de rivais em variante de entrada, mas ser uma versão intermediária mais equipada. O estilo aventureiro é outro charme que o faz esquecer que está pegando uma versão abaixo das variantes mais caras que não contam com esses adereços off-road.
Só que o problema é que a idade de projeto da Nissan Frontier pesou. A direção hidráulica já deu o que tinha que dar, o motor 2.3 é fraco para a categoria e o interior datado não está pronto nem para receber um smartphone. Pelo custo-benefício vale a pena, mas esteja de coração aberto para sacrificar a modernidade.
Você teria uma Nissan Frontier? Conte nos comentários.