Não é segredo para ninguém que a nova geração da já está pronta e que será lançada no Brasil no ano que vem. Só que aa marca do oval azul decidiu lançar mais uma versão dessa geração antes da despedida. Pegando a fórmula da Storm e adicionando um pouco mais de glamour, a Ranger FX4 poderia ser a versão definitiva.
Poderia porque o que há de mais legal na picape da Ford, ainda ficou restrito à versão Limited. E o visual mais interessante de todas as variantes da picape é justamente o da FX4. Mas por R$ 289.650 é a melhor Ranger à venda no Brasil?
Sem falta
A Ford tem apostado forte nas versões temáticas da Ranger como a Storm e a Black. Elas representam uma parcela grande das vendas da picape média. Contudo, ambas sofrem com falta de alguns equipamentos relativamente básicos, o que quase não acontece na FX4. A Ford recheou a picape com o que há no catálogo da XLT, mas bem que poderia ter usado o pacote da Limited.
De série, vem equipada com sete airbags, bancos revestidos em couro, rodas de liga-leve de 18 polegadas, direção elétrica com ajuste somente de altura, câmera de ré, sensor de ré, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, painel de instrumentos parcialmente digital, ar-condicionado digital de duas zonas, banco do motorista elétrico e controle de tração e estabilidade.
Os itens legais da Limited não foram parar na FX4. E seria ótimo se estivessem aqui, tais como chave presencial, piloto automático adaptativo, sensor de estacionamento dianteiro, farol alto automático, assistente de permanência em faixa e alerta de colisão frontal. Mesmo que custasse mais que a Ranger Limited, seria interessante pela ideia que a FX4 passa.
Black e Storm economizaram
Um ponto interessante da FX4 frente à Black e à Storm é que a FX4 não parece uma versão mais simples no quesito acabamento. Ela tem bancos revestidos em couro com costuras vermelhas e brancas, item repetido no volante que tem material acolchoado como em carros bem mais caros.
O painel exibe uma faixa cinza que dá um toque a mais de sofisticação à caminhonete. O tom é repetido no volante e também em detalhes na porta, que contrastam com o metal escurecido das maçanetas e saídas de ar. Painel de instrumentos parcialmente digital tem boa definição, mas a tela da direita é inútil por conta da central multimídia.
A tela principal da tem ótima definição e é rápida durante o Android Auto e o Apple CarPlay. O problema é na utilização do menu nativo do carro, em que ela insiste em animações desnecessárias que tornam toda operação do sistema mais lenta e distrativa. Interessante é que o sistema de ar-condicionado é operado por lá ou por botões no painel.
Como o volante não ajusta em profundidade, a ergonomia é levemente comprometida. Mas, por sorte, a Ford deixou a direção mais próxima do banco, não ficando enfiada no painel como acontece com a Chevrolet S10. Espaço atrás é condizente com o tamanho do carro, apesar de os joelhos ficarem mais altos do que deveriam.
Aquele ronco
Única na categoria com motor cinco cilindros turbo diesel, a Ford Ranger FX4 ronca bonito e alto, especialmente com o snorkel opcional. São 200 cv e 47,9 kgfm de torque providos por seu 3.2 com cinco canecos alinhados. Ela é bruta, com força entregue a rotações mais altas e disposição para arrancar a terra dos pneus na primeira acelerada.
É notável que a Ranger tem certo lag na aceleração, saindo um pouco sem fôlego para depois pular e acelerar com força. O câmbio automático de seis marchas tem nítido acerto para conforto, engolindo as marchas sem trancos, mas mantendo a rotação levemente mais alta do que precisaria na estrada.
O consumo é um problema, com 8,4 km/l na cidade e 9,4 km/l na estrada. Durante nossos testes, ela registrou 8,8 km/l com metade do trecho em estrada e outra metade em cidade. Sorte que a Ranger tem uma piscina de 80 litros para armazenar o diesel e que agora tem a companhia de Arla 32 para reduzir a emissão de poluentes.
Velocidade e acerto
A direção da Ranger é a melhor entre as caminhonetes médias. Ela é elétrica com peso certo, sendo rápida e leve nas manobras e pesada suficiente para passar segurança em altas velocidades (algo que, aliás, a Ranger FX4 aprecia bastante). A maioria das picapes na categoria usa direção hidráulica, mais arcaica, a exceção de Ranger e S10.
Já a suspensão é a mesma calibração usada na Storm, ou seja, voltada para a terra. A Ranger FX4 pula bastante, mas mostra uma inegável robustez e a aptidão para encarar buracos e lombadas com mais velocidade do que deveria. Andar na terra não é dificuldade para ela, sendo sua especialidade.
Pula mais do que deveria, devo admitir. Não tendo a mesma desenvoltura da Nissan Frontier ou da Volkswagen Amarok, ou até mesmo da versão Black da Ranger, que é mais voltada ao uso urbano. Isso faz com que a FX4 canse em uso extensivo na cidade, enquanto na estrada ela encara o tapete de asfalto com conforto.
Meu jeito
Como cada versão da Ranger tem sua personalidade própria, a Ford tentou apostar em um meio termo entre a Black e a Storm na FX4. Ela tem alargadores de para-lama, estribo lateral e santantônio como os maiores destaques de estilo. A pintura preta domina retrovisores maçanetas e detalhes nos para-choques para dar um ar mais elegante.
Isso vai de encontro com a grade frontal preta vindo da versão norte-americana da Ranger, que tem visual diferente da nossa. Adesivos nas laterais mostram o logo FX4 e fecham o estilo da picape. Mas os faróis com máscara negra e LEDs diurnos são o que mais faltava à Storm e à Black, mas que estão na nova variante.
Veredicto
Apesar de já estar antiga e com uma nova geração prestes a ser lançada no Brasil e lá fora, a Ford Ranger ainda tem o melhor conjunto entre as caminhonetes médias à venda por aqui. É robusta, bonita, tem tecnologia e um visual sofisticado e interessante nessa versão FX4.
Poderia ter todos os itens de série da Limited, mesmo que custasse um pouco a mais, para ser a versão definitiva da Ranger. Dessa maneira, porém, apesar de ter mais itens de série e interior mais sofisticado, a Storm segue como a versão definitiva da picape da Ford. Ainda com o benefício de ser bem mais barata e igualmente legal.
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