Aa história dos sedãs médios, especialmente no Brasil, ficou marcada pela disputa acirrada entre Toyota Corolla e Honda Civic. Ambos japoneses, focam no conforto e na racionalidade para atrair os clientes. Mas, a estrela de hoje é o sedã médio da Honda que mudou muito nos últimos anos e agora tem síndrome de gente rica. Mas, ele tem predicados para isso?
Há muito tempo, minha família teve dois Civic diferentes que foram marcantes por serem bastante confiáveis. Essa marca ficou registrada. Quando soube que avaliaria o modelo híbrido vendido hoje, já me surpreendi e garanto que você vai se surpreender tanto quanto eu quando testar este modelo. Vá sem medo e com o coração aberto.
Beleza natural
O Honda Civic poucas vezes teve como principal destaque um visual mais chamativo, afinal de contas seu principal público não quer nada diferente e sim um modelo com pegada mais conservadora. A atual geração dele vendida por aqui cumpre essa função com maestria, tanto é que mais parece um sedã alemão. Todavia, ele ficou mais careta se comparado com a geração anterior, muito querida ainda.
As linhas são mais retas. Ele segue com o porte encorpado e comprido. 4,67 m de comprimento, 1,80 m de largura, 1,43 m de altura e entre-eixos de 2,73 m são suas medidas. Seu porta-malas tem 495 litros e é menor do que o City de 519 litros. Na dianteira, ele tem ar mais agressivo, já que existem partes escurecidas contrastando com a cor branca Topázio perolizado.
Espaço bem aproveitado e cabine ampla dão um ar chique. Outro fator que dá uma impressão mais sofisticada são as rodas de liga leve de 17 polegadas. As lanternas são escurecidas, o teto tem queda suave e o spoiler na tampa do porta-malas dão o ar de esportivo que o Honda Civic aprendeu a ter. Todo o conjunto faz ele se destacar na multidão e atrair olhares.
Nada de calmaria
Se você acha que os carros híbridos são pacatos por preferirem ter um número de consumo melhor, pode esquecer isso com o Civic híbrido. Ele tem um motor 2.0 quatro cilindros aspirado, que só bebe gasolina, mas entrega 143 cv e 19,1 kgfm de torque. Ele funciona mais como um gerador de energia para o propulsor elétrico e funciona em determinados momentos, como ao andar nas estradas.
Já o elétrico tem 184 cv e 32,1 kgfm e é quem brilha. Na cidade, você mais usa este motor e por isso o modelo não faz nenhum barulho, ao ponto de todos ao seu redor estranharem o fato. Como o torque é instantâneo, o Civic e:HEV quer sair acelerando com meia pisada no acelerador. É bem fácil sorrir com ele pelas ruas.
Isso empolga qualquer um. Na estrada, atingi 155 km/h com facilidade e em silêncio. Ele tem ainda três modos de condução (Sport, Normal e Eco). Trocá-los é bem simples e o comando está bem posicionado. Já em relação aos números de consumo, um espanto. Na cidade, o sedã médio japonês fez 16,4 km/l e na estrada marcou 19,8 km/l.
Como o conjunto traz bastante esportividade, é um carro que você não quer deixar de andar. Sua suspensão não é tão firme como costume da marca e sim um pouco mais macia. Ele gosta de fazer curvas muito bem e não sofre em pisos irregulares. Pode enfrentar valetas e lombadas quase sem medo, mesmo sendo um carro baixo.
O câmbio é CVT como a Honda costuma aplicar em seus carros e tem funcionamento simples. Além dsisso você pode fazer as trocas de marchas através das borboletas atrás do volante. Ele faz simulação de trocas, o que ajuda muito na sensação de velocidade.
Convivência tranquila
Andar por São Paulo com o Honda Civic híbrido é fácil. Todo o conjunto foi criado de uma forma que agrade os passageiros. Mas, suas portas são pesadas e isso dificulta a entrada e saída de pessoas com mobilidade reduzida. Elas possuem partes macias ao toque. Outra coisa que incomodou um pouco foi seu acabamento do teto.
As colunas e teto são forrados com um revestimento de tecido (de qualidade), só que claro. Isso faz com que suje com facilidade. Diversas superfícies possuem acabamento macio ao toque, o que ajuda a não fazer uma escola de samba ao trafegar pelas ruas da capital paulista. Além disso, existem partes com acabamento diferenciado, nas portas e no console central.
Seus bancos são forrados de couro, abraçam bastante os passageiros e ele é espaçoso internamente. Por sorte, os dianteiros possuem regulagem elétrica. Todavia, o sedã podia ter ajustes de lombar. O apoio de braço central também podia se movimentar para frente e trás. Os porta-objetos são espaçosos e há bastante deles espalhados. Só que, o túnel não é tão baixo e incomoda o ocupante do meio.
A direção é elétrica, mas não tão leve. Na estrada, fica um pouco mais pesada, para dar mais segurança e na hora de estacionar também. O painel de instrumentos é totalmente digital, traz diversas informações técnicas e funciona com facilidade. Entretanto, não precisava ter um espaço para mostrar o nome da música e o número da velocidade podia ficar maior, para melhorar a visualização.
Isso deixa uma parte praticamente sem função para uma tarefa pequena. Um destaque é ele ter espaços próprios e fáceis de ler para o nível de bateria e mostrar o fluxo de energia. Fora que existem diversas informações diferentes e que são compreensíveis.
A central multimídia tem tela de nove polegadas. Porém, podia ser maior. Suas respostas são rápidas e ela é intuitiva. Mesmo sendo um dispositivo com pegada flutuante, seu encaixe é bem-feito e não trepida ao passar em vias mal-cuidadas (ao contrário ). Um problema dela e do comando de troca de música do volante é o delay da ação. É chato e irrita.
Ainda falando desta parte, a larga saída de ar-condicionado no centro do painel dá um ar diferente ao sedã. A peça tem acabamento em preto brilhante e refresca bem a cabine e tem saída para os assentos traseiros junto com entrada de carregadores de celular. Os comandos são fáceis de serem operados. O Civic e:HEV possui alto-falantes da Bose e emitem som de qualidade.
Outra penalidade de um carro com este preço é que a luz do quebra-sol é amarela, quando a central já traz iluminação branca. Melhor uniformizar tudo. Uma coisa que a Honda precisa estar atenta são os comandos de sons dos sensores de estacionamento e ativação dos recursos de condução semiautônoma.
Eles ficam posicionados no lado esquerdo do volante e como estão abaixo do painel, exigem o olhar do motorista. Não adianta investir em tecnologia que auxilia a condução se o piloto desvia o olhar da pista a sua frente. O volante tem revestimento de couro e boa empunhadura.
O recheio é que importa
Já que se trata de um veículo com pegada premium, a Honda caprichou nos itens de série que o Civic híbrido traz. Teto solar, freio de estacionamento eletrônico, ar-condicionado automático, digital e de duas zonas, carregador de celular por indução, sensor crepuscular, faróis, lanternas e iluminadores de neblina em LED, retrovisor com rebatimento, chave presencial e mais equipamentos se destacam.
Em segurança: oito airbags, câmera de ré e com visão do lado direito, frenagem autônoma de emergência, assistente de partida em rampas, controles de tração e estabilidade, sensor de fadiga, assistente de permanência em faixa, Isofix, freios ABS, entre outros itens são de fábrica.
Entretanto, não dá para entender o motivo de um carro de mais de R$ 260 mil não ter o alerta de ponto cego no retrovisor. A câmera Lane Watch, a que mostra o lado direito na multimídia, poderia ter resolução melhorada na parte da noite, afinal de contas ela é útil. Quem também se destaca é o lembrete de objetos no assento traseiro.
Seu piloto automático adaptativo funciona sem problemas e ainda exibe no painel um Civic e mais os carrinhos, caminhões e até motos que estejam próximos. O alerta de mudança de faixa manda um aviso bem chamativo e o sedã está sempre atento e pedindo que você coloque as mãos no volante.
Veredicto
Desde a décima geração, o modelo anterior a este, o Honda Civic ganhou um ar mais forte de carro de patrão. Agora, a coisa se intensificou ainda mais e esse sim tem todo o direito de ser chamado pela alcunha quando você pedir seu carro em um vallet. O Civic híbrido tem diversos acertos neste projeto.
Todavia, uma coisa que desanima é o valor. Dá para compreender, em partes, que a etiqueta de R$ 265.900 pesa por ser importado. Mesmo caro, é um carro que vale a pena se você pode pagar o preço, gostar de sedã e quiser um conjunto mais ecológico.
Você teria o Honda Civic ou prefere o Toyota Corolla ambos híbridos? O que acha do sedã médio da Honda? Conte nos comentários