Um pouco antes do casamento FCA e PSA que gerou a Stellantis, o grupo francês já estava direcionando a Citroën para o novo lugar que ela se encontra hoje: uma marca barata, com carros fortemente voltados ao custo-benefício, mas com soluções criativas. E talvez o carro que mais represente essa nova fase seja o .
Nascido a partir do hatch compacto C3, o Aircross herda muito de seu irmão de entrada, mas adiciona doses fortes de personalidade própria e apela para um custo-benefício matador. É o SUV turbo mais barato do Brasil, é o SUV de sete lugares mais em conta do país e é, possivelmente, o melhor custo-benefício por m³ no país.
Por R$ 136.590, a versão topo de linha Shine de 7 lugares custa o mesmo que muito SUV compacto em versão de entrada ou intermediária. Só que com dois lugares a menos, porta-malas bem mais acanhado e nem tanto espaço interno. Custo-benefício forte, certo? Mas não esqueça: esse é um carro barato em sua concepção.
Onde ele ainda é um C3
Por dentro que o Citroën C3 Aircross mais mostra suas ligações com o irmão C3 e a simplicidade que agora é inerente à marca. O acabamento é simples, com plásticos duros em todos os cantos. Só que, salvo a faixa marrom no painel, que é oca e fina, os materiais usados parecem sólidos e tem boa textura.
O volante é revestido em couro de qualidade, mas despenca quando a alavanca do ajuste é solta – além de não regular em profundidade. Temos itens simples como as saídas de ar centrais simples demais e com jeito frágil, enquanto as saídas laterais são grandes demais. Botão do vidro traseiro fica no meio do console, o que é imperdoável.
Outro ponto que segue péssimo é a chave de Honda Biz que o Citroën C3 Aircross herdou do C3. Stellantis, já passou da hora de mudar isso…e não é difícil! Temos ainda o ventilador no teto para refrescar os bancos traseiros. Parece uma ideia boa, mas não é. Ele faz muito barulho e sopra vento quente para a traseira. Era necessário um duto de ar-condicionado.
Onde ele é um Aircross
Mas foram feitas mudanças para que o C3 Aircross subisse de nível. Começa pelo painel de instrumentos, que agora é digital de verdade. É uma tela simples, um pouco lenta para mudar de menu, mas eficiente e cheia de recursos. Agora ela combina com a central multimídia, que é referência na categoria em facilidade de uso, qualidade e velocidade.
O espaço traseiro é gigantesco, mesmo no Aircross 7 que tem a segunda fileira um pouco mais à frente. Como a arquitetura do C3 é toda pensada para que todos sentem mais verticalmente, as pernas não precisam ficar muito esticadas horizontalmente, permitindo mais espaço em uma acomodação melhor.
Em relação aos modelos pré-série, a Citroën consertou o acesso à fileira traseira. Agora o encosto dobra e fica travado no assento, que depois é levantado com uma mola a gás. O banco da terceira fileira é extremamente leve (5 kg), podendo ser removido com uma mão, além de ser prático de ser instalado e removido.
No porta-malas são 493 litros de capacidade com os assentos traseiros dobrados. Com eles removidos, a capacidade cresce, mas a Stellantis não divulga a capacidade total com eles removidos. Com tudo armado, são 42 litros, suficientes para algumas sacolas e tranqueiras. Todas as fileiras tem porta-copos e entradas USB, vale destacar.
Ram tchu
Quem precisa da Ana Castella quando se tem um Citroën C3 Aircross? Assim como a música da boiadeira, que diz que quer uma caminhonete que faça ram tchu, o SUV francês também faz isso. A onomatopeia se refere ao espirro do turbo, algo que só o Aircross e a Fiat Strada fazem, diferentemente de outros carros com motor T200 da Stellantis.
A presença do espirro do turbo do motor 1.0 três cilindros de 130 cv e 20,4 kgfm de torque se dá por conta do isolamento acústico bem simples do C3 Aircross. Ele é um carro que faz o motor ser presente no interior, assim como ruídos externos. Lembra do que eu falei sobre sempre se lembrar que está em um carro barato? É aqui uma dessas situações.
Só que, tal qual esse conjunto já se provou em Pulse, Fastback, Strada e 208, o casamento entre o motor 1.0 turbo e o câmbio CVT é primoroso. O trabalho do câmbio é extremamente suave, mas que acorda com muita facilidade quando requisitado pelo motorista. Adicione isso ao fato de que há trocas de marcha simuladas para evitar o efeito enceradeira.
Bem nascido, o Aircross usa a plataforma CMP do Peugeot 208. Isso significa que temos um carro robusto, bom de curva e bem construído. A suspensão voltou a ser uma especialidade da Citroën, que apresenta forte robustez, ao mesmo tempo em que é voltado ao conforto, mas não faz o SUV balançar nas curvas.
A direção pequena ajuda na sensação de uma dirigibilidade mais divertida e conectada ao motorista. Tem calibração voltada à neutralidade, ou seja, não tão leve, nem tão pesada. Contudo, a assistência sobe bastante na hora das manobras para facilitar uma baliza, ao mesmo tempo em que endurece na estrada.
Mundo real, versus INMETRO
De uns tempos para cá, temos visto que vários carros não estão cumprindo os dados do INMETRO na vida real. Em especial carros elétricos ou os que têm transmissão CVT, costumam ter consumo real muito melhor do que o aferido pelo órgão brasileiro. E é exatamente esse o caso do Citroën C3 Aircross.
Na teoria, ele faz 7,4 km/l com etanol na cidade e 8,6 km/l na estrada com o mesmo combustível. Já com gasolina são 10,6 km/l e 12 km/l na mesma situação. Só que, durante nossos testes, o SUV fez próximo do prometido na cidade com gasolina: 10 km/l. Só que, na estrada, mesmo andando mais forte, obteve média de 18,3 km/l.
Tem de tudo para um básico
A lista de itens de série do Citroën C3 Aircross é condizente com a proposta de um carro de entrada voltado ao custo-benefício. Por isso, não espere por nenhuma tecnologia como as que a nova Chevrolet Spin tem. Por isso até ele custa cerca de R$ 10 mil a menos. Aliás, a unidade testada custava R$ 3 mil a mais (R$ 139.590) por conta da pintura bitom.
De série, ele conta com ar-condicionado analógico, painel de instrumentos digital, central mutlimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, volante com ajuste de altura e revestimento de couro sintético, banco com ajuste de altura e revestimento de couro sintético, sensor e câmera de ré (com péssima qualidade), além de luz diurna de LED.
Há ainda piloto automático, direção elétrica, vidros elétricos nas quatro portas com função um toque, retrovisor elétrico, barra de teto com função apenas estética, ventilador no banco traseiro e só. Nada de sistemas de auxílio de condução, muito menos um farol de LED ou até sensores de luz e de chuva.
Veredicto
Pense no Citroën C3 Aircross como um veículo utilitário em sua essência: ele é robusto, econômico, bom de dirigir e leva muito mais gente do que qualquer concorrente dentro da categoria. É um carro bom como ferramenta, que você vai usá-lo como meio de transporte e nada muito além disso.
Não é o carro que vai te despertar emoções, mas vai deixar seu bolso feliz. Em questão de custo-benefício, é imbatível, até por cima da . Por isso, não deve demorar até ver muito Aircross rodando com taxistas, motoristas de Uber e famílias numerosas. Mas como compra passional, melhor esperar o Basalt.
Você teria um C3 Aircross? Conte nos comentários.
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