Pouco antes de a Ford , a marca já passava por um intenso processo de renovação. Apostando em SUVs e picapes, deu o protagonismo da linha para a Ranger e trouxe o reforço do Territory, vindo da China. Mas faltava um modelo para ser a estrela entre os SUVs, papel agora atribuído ao Bronco Sport.
Importado do México por R$ 256.900, ele é sim mais caro que o Jeep Compass Trailhawk (R$ 216.990 ou R$ 237.690 com os opcionais para chegar no nível do Bronco Sport). E também a Ford jura de pés juntos que ele briga com Audi Q3, BMW X1 e Mercedes-Benz GLA. Mas a ideia do Bronco Sport é outra. Ele, aliás, é o melhor Ford à venda hoje no Brasil.
O Ford Bronco Sport Wildtrack faz parte do mesmo grupo de Honda CR-V (R$ 264.900) e Toyota RAV4 (R$ 276.440). Ou seja, SUVs médios de marcas generalistas com lista recheadíssima de itens de série, mas que custam quase o mesmo tanto que os modelos premium.
Entretanto, o Bronco entrega uma bela lista de itens para justificar as cifras. Ele traz faróis full-LED com facho alto automático, chave presencial com partida remota, teto solar, banco do motorista elétrico com aquecimento, nove airbags, retrovisores elétricos, frenagem autônoma de emergência e outros aparatos tecnológicos que serão detalhados depois.
Herança do Fusion
Com a , seu lugar foi ocupado pelo Territory, Bronco Sport e, futuramente, pelo Escape. Do sedã grande, o novo SUV médio aventureiro herdou o motor 2.0 EcoBoost quatro cilindros turbo gasolina. São 240 cv e 38 kgfm de torque gerenciados por uma transmissão automática de oito marchas. E esse casamento não poderia ser melhor
O Bronco Sport entrega força de sobra em todas as situações. No asfalto, ele é capaz de chegar aos 100 km/h em 8 segundos. Ele acelera com vigor e linearidade, graças às relações curtas das marchas e das trocas rápidas. Em regimes mais fortes, o câmbio trabalha com trocas perceptíveis.
Já em condução mais contida, o câmbio tem funcionamento imperceptível. É, talvez, o câmbio mais suave que já dirigi na vida. A linearidade na entrega de força e das marchas faz parecer até uma transmissão CVT, mas sem a gritaria típica desse tipo de câmbio. Rapidamente o Bronco engole as marchas, mantém a rotação baixa e economiza combustível.
Como resultado, em estrada ele fica abaixo de 2 mil giros mesmo a 100 km/h. Isso faz com que o consumo de combustível fique na média dos 10 km/l com trechos equilibrados de cidade e estrada. Pensando que ele é um peso-pesado de 1.712 kg, 4,38 m de comprimento, 1,88 m de largura e 1,81 m de altura, está mais do que aceitável.
Sport é tipo EcoSport?
Ainda que não seja um sedã para conduzir, ele está anos-luz à frente do EcoSport na questão de dirigibilidade. Em asfalto, o Bronco Sport roda silencioso, com a carroceria firme no lugar e até se atreve a fazer curvas mais fortes que um SUV sem pretensões esportivas deveria fazer.
Já na terra, ele impressiona por fazer a carroceria não vibrar e por manter a cabine isolada de ruídos. O acabamento não range, ele não trepida e o volante não fica jogando para os lados atoa quando o Bronco Sport trafega por estradas de terra mesmo em velocidades mais vigorosas.
Isso por si só já provaria a robustez do Ford, indicando não se tratar de um SUV de shopping. Mas ele vai além. Com o sistema GOAT (Goes Over Any Terrain – Vai a qualquer terreno), ele traz diversos modos de condução on-road e off-road. Há opções terra/lama, rocha/avanço lento, areia, piso escorregadio, Sport, Eco e Normal.
Cada um deles altera diferentes parâmetros de direção, acelerador, controles eletrônicos, tração e câmbio. Isso faz com que o Bronco Sport enfrente trilhas enlameadas sem a menor dificuldade ou uma praia com areia fofa sem atolar ou passar vergonha. Tudo isso com a tração 4×4 entrando em ação somente quando se faz necessário.
Tecnologia útil
Diversos carros contam com sistemas eletrônicos que, na prática, mais servem para mostrar ao vizinho, usar uma ou duas vezes, e depois esquecer. Mas o Bronco Sport não. O SUV da Ford veio recheado de itens que se fazem úteis no dia-a-dia e, principalmente, funcionam muito bem.
Um dos destaques está no piloto automático adaptativo com sistema de manutenção em faixa. Ele é capaz de controlar o Bronco desde o momento de aceleração até uma parada total. Bastando apertar o botão reset no volante para que ele volte a andar (mais prático que dar um pisão no acelerador, como outros carros fazem).
Ele mantém o Bronco Sport firme na pista, sem ficar quicando de uma faixa a outra, como acontece com sistemas semelhantes. O funcionamento do sistema é simples e a atuação é suave – salvo em transito mais intenso em que ele tende a frear de maneira um pouco mais brusca que o necessário.
E até no off-road ele traz piloto automático: o sistema controla freio e acelerador totalmente sozinho mesmo em terrenos difíceis. Fazendo com que o motorista atue somente no volante. Mas vale lembrar que esse piloto automático off-road funciona de maneira independente e diferente do adaptativo.
Além disso, ele traz câmera na dianteira. Ela atua automaticamente em velocidades abaixo de 20 km/h nos modos lama e rocha. Contudo, pode ser acionada a qualquer momento por uma tecla no painel. É algo extremamente útil dado o formato reto e longo do capô, que cria uma visão comprometida.
Por falar nisso, o retrovisor do lado direito possui lente com aumento, o que cria uma perigosíssima zona cega no Bronco Sport. Em diversas situações de troca de facha, fui surpreendido por um carro que não aparentava estar ali por culpa da lente ruim do espelho. Há leitor de ponto cego, mas ele é um tanto quanto otimista em seus alertas.
Ambiente rústico gourmet
Voltando aos bons tempos em que a Ford era referência em acabamento interno, o Bronco Sport entrega uma cabine refinada e bem montada. Não chega a ser premium, mas há muito material macio ao toque e os plásticos usados tem textura agradável. Única falha é o fato de que as portas traseiras não tem acabamento emborrachado como as dianteiras.
A central multimídia tem Android Auto e Apple CarPlay, sendo servida por uma tela com ótima definição. Só um pouco aquém da tela usada no centro do painel de instrumentos. O sistema é fácil de usar, intuitivo e rápido. Poderia ter tela um pouquinho maior, dada a atual tendência do mercado e o layout apresentado no Territory.
Por falar na tela do meio do painel, ela tem diversos recursos diferentes e muda de formato para cada tipo diferente de modo de condução. É um layout mais interessante que um painel 100% digital, pois mantém as informações customizáveis onde precisam estar, ao mesmo tempo em que preserva os mostradores grandes.
O motorista conta com bancos bem confortáveis com diversos ajustes elétricos. Já o passageiro tem direito até a regulagem de altura, algo bem raro no segmento quando não há ajuste elétrico, como é o caso do Bronco. Ambos, entretanto, usufruem de aquecimento nos bancos e ar-condicionado digital de duas zonas.
Atrás o espaço para as pernas não é tão generoso quanto poderia ser. Contudo, o calombo no teto permitiu ao Bronco Sport uma maior vastidão de área para a cabeça. Além disso, o assento foi elevado de forma a permitir que os passageiros traseiros enxerguem as coisas por cima da cabeça do motorista.
Já o porta-malas de 476 litros tem algumas interessantes soluções. Há tomada de 110V (padrão americano, então você vai precisar de um adaptador), abridor de garrafas e piso totalmente revestido em borracha. Há uma divisória que funciona também como mesinha de piquenique e luzes auxiliares para iluminar o chão em uma aventura.
Veredicto
Definitivamente o Bronco Sport é o melhor Ford à venda no Brasil. Afinal, ele é um produto superior ao Territory, não custa absurdamente caro como o Edge ST, nem é inconveniente no dia-a-dia como um Mustang, sem contar que não é um trambolho como a Ranger. Mas custar mais caro que o Jeep Compass pode lhe custar posições mais altas no ranking.
Ele não está no Brasil para rivalizar diretamente com o rei do segmento e seus novos rivais Toyota Corolla Cross e Volkswagen Taos. O Bronco Sport está um nível acima em questão de capacidade off-road (equiparável somente ao Compass Trailhawk) e com uma oferta de itens de série bastante recheada.
Bom de dirigir tanto no asfalto quanto na terra, bonito e refinado dentro do limite para uma marca generalista, o Bronco Sport vale seus R$ 256.900. Mas bem que a poderia trazer uma versão 1.5 turbo um pouquinho menos equipada e na faixa dos R$ 200 mil para aí sim rivalizar com Compass e companhia. Fica a dica.
>>Ford Ranger Black: urbana, elegante e bom custo-benefício | Avaliação
>>Ford por R$ 179.900: Territory SEL ou Ranger Black? | Comparativo
>>Territory SEL: por que o SUV é reflexo do futuro da Ford? | Avaliação