Quem tem gasolina na veia, muitas vezes vem com uma bela herança no mundo automotivo ou histórias emocionantes que envolvem os carros. José Mario Dias, um dos mais reconhecidos e renomados fotógrafos do automobilismo, é prova disso. Um despretensioso projeto de carro para track day evoluiu a ponto de se tornar uma homenagem ao seu pai.
Filho do piloto Cecílio Irineu Dias, que disputou corridas no interior do Paraná e era mecânico, o fotógrafo decidiu trocar de lugar. Ao invés de registrar as corridas com suas lentes, teve a ideia de participar das competições. Para isso, buscou a Gold Cup Interlagos para o feito, que se tornou uma grande homenagem ao seu pai, que parou de correr antes dele nascer.
Ele adquiriu um Chevrolet Chevette em 21 de agosto de 2018 em um dia de chuva na cidade de Dois Vizinhos. Logo apelidou o carro de Véio. Zé Dias, como é mais conhecido, tem mania de dar nomes às suas coisas, incluindo suas câmeras, por isso não poderia ser diferente com o possante.
No dia em que voltou para casa, o Chevette já mostrava sinais de cansaço, com infiltração de água e muito frio adentrando a cabine. Sua mãe o acompanhou nessa viagem entre Dois Vizinhos e Campo Mourão, onde ela mora, enquanto relembravam histórias do pai piloto. Mas como projeto de corrida, foi necessário mais tempo.
Renascendo para as pistas
Todo projeto foi tocado pela Pro Machina, uma oficina que ele frequenta desde 2005. Ao longo da realização do carro, Zé Dias percebeu que poderia homenagear seu pai ao usar a mesma pintura e adesivos que seu campeão favorito. Lojas e patrocinadores que não existem mais se mesclaram aos apoiadores do projeto e empresas que seguem na ativa, revelando todo cuidado na execução.
Saiu de cena o motor do século passado para entrar um conjunto 2.0 quatro cilindros aspirado de um Chevrolet Calibra. Originalmente esse motor rende 150 cv e 20 kgfm de torque, mas foi preparado para render mais nas competições. As rodas são novas, feitas exclusivamente para o carro, simulando o desenho original do Chevette, mas com algumas polegadas a mais.
Ele recebeu suspensão mais baixa e preparada para as pistas, combinado com os novos pneus Yokohama e os fluídos Motul de seus patrocinadores. Por dentro, bancos-concha de competição acompanham novo volante esportivo de competição e uma cabine desprovida de luxos – talvez o maior deles seja a gaiola de competição.
O mais legal é que o shake down (primeiro teste de um carro de competição) aconteceu em 12 de setembro em Interlagos e teve o piloto Cristian Fitipaldi como um dos primeiros a rodar no Chevette de José Mario Dias. Uma bela homenagem do homem das lentes ao seu pai no sagrado terreno do automobilismo brasileiro.
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