Por conta da pandemia do novo coronavírus, os fãs de Fórmula 1 tiveram de esperar mais de sete meses para a abertura da temporada 2020. Foi o início de campeonato mais tardio de todos os tempos. Mas depois do que se viu no Grande Prêmio da Áustria, realizado no domingo (5), com rígidas regras de distanciamento social, dá pra dizer que valeu a espera.
É claro que ver a Mercedes na frente não é nenhuma novidade, mas as circunstâncias que construíram este resultado trouxeram bastante emoção. Começando pela inesperada pole position de Valtteri Bottas, que apesar de já ter largado na posição de honra doze vezes, duas delas na Áustria, não poderia ser considerado favorito diante do hexacampeão Lewis Hamilton.
O assombroso desempenho da Mercedes mais uma vez restringiu a disputa aos dois, com quase meio segundo de vantagem para o resto. A dobradinha na primeira fila, no entanto, foi quebrada pela punição imposta a Hamilton depois de desrespeitar bandeiras amarelas (causadas por uma escapada do próprio Bottas). O britânico perdeu três posições e teve de largar em quinto.
Hamilton alinhando mais pra trás é sempre garantia de boa corrida. O hexacampeão passou por Lando Norris na quarta volta e por Alexander Albon, na nona. Teria pela frente o encardido Max Verstappen, mas o piloto da Red Bull Racing sofreu uma quebra na décima passagem, abrindo caminho para que a Mercedes tivesse seus dois carros de novo nas primeiras posições.
Mas aí começaram as intervenções do safety car, que mudaram completamente o panorama da corrida. Primeiro, por uma escapada de Kevin Magnussen, na 24ª das 71 voltas. Depois, mais duas em sequência, pelas quebras de George Russell e Kimi Räikkonen. Foi o que permitiu ao terceiro colocado, Alexander Albon, fazer uma jogada ousada.
O piloto da Red Bull Racing cumpriu um terceiro pit stop, colocando os pneus macios, que proporcionam melhor desempenho. Com suas vantagens aniquiladas pelo safety car, Bottas e Hamilton estavam calçados nos duros, mais resistentes, porém, mais lentos. Parecia que a corrida se encaminhava para as mãos de Albon.
Só que na hora de partir pro ataque, ‘deu ruim’. O tailandês tentou uma manobra agressiva por fora na curva 4, que não é ponto de ultrapassagem dos mais comuns na Áustria. Quando tinha praticamente o carro todo à frente de Hamilton, Albon sofreu um toque na roda traseira direita por parte do adversário e foi parar na brita.
Era o fim do sonho a onze voltas do final. Hamilton acabou responsabilizado pelo toque e recebeu uma punição de cinco segundos, acrescidos ao seu tempo final de prova. Aí veio mais uma cena emblemática do GP. Lando Norris, então quinto colocado atrás de Sergio Pérez, foi informado da punição de Hamilton e viu que tinha chances de ir ao pódio.
A três voltas do final, ganhou a posição de Pérez e passou a reduzir a diferença para o piloto da Mercedes. Na última passagem, já na bandeirada, registrou simplesmente a melhor volta da corrida, conseguindo o objetivo de superar Hamilton por apenas 0s198! Charles Leclerc foi promovido para segundo, Norris para terceiro e Hamilton (segundo na linha de chegada) caiu pra quarto.
O resultado também foi um prêmio para a Ferrari. Pole position no ano passado, Charles Leclerc viu o rendimento do carro despencar e largou somente em sétimo. “Isso é loucura”, chegou a dizer pelo rádio quando soube que havia passado para a última fase do treino apenas em décimo lugar. Neste cenário, a corrida foi uma redenção.
Sebastian Vettel não teve a mesma sorte. Iniciando sua última temporada pela Ferrari, com moral bastante abalado, ficou só em 11º no grid e cometeu um erro bizarro na corrida, rodando (mais uma vez) para tentar evitar uma batida em Carlos Sainz. A próxima etapa da Fórmula 1 será lá mesmo, na Áustria, neste domingo (12), no próprio circuito de Spielberg.
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