Apesar de sua tradição, a Alfa Romeo não deu muito certo no Brasil. Os carros – caros para o padrão do público local, que acabava optando por coisa melhor – foram comercializados por aqui em dois períodos distintos. O último deles, na década de 1990, com belos exemplares, como o hatch 145 e o sedã 164. Bonitos, eram, mas a Fiat (detentora da marca) não conseguiu sustentar o ostracismo e, com o tempo, desistiu dos planos – o que dura até hoje, mesmo com os pedidos de alguns apaixonados de plantão.
Acontece que, na sua terra de origem (a Itália) a marca de luxo do Grupo FCA é, sim, aplaudida de pé. Por lá, modelos como o Stelvio, Giulia e Giulietta (sucesso em cenas do Filme Velozes e Furiosos 6) são ovacionados. E, acredite, são os queridinhos das autoridades policiais. E essa história não é de hoje!
Na Itália do pós-guerra, os carros da Alfa Romeo eram lendários, provando ser mais rápidos que vários outros veículos, tanto na pista quanto na estrada, tornando-se ideais para a polícia. E isso se tornou realidade a partir da década de 1950, quando os famosos ‘volanti’ (veículos oficiais de chamada de emergência) passaram a ser comuns nas ruas.
Por sua vez, os carros usados pela Polícia Estadual foram apelidados de ‘panteras’, e os da Carabinieri (Polícia Militar), ‘gazelas’. Ao contrário do sentido pejorativo da palavra no Brasil, lá, a metáfora sublinhava o poder e agilidade dos automóveis.
A história conta que o primeiro ‘pantera’ foi um Alfa Romeo 1900, construído em 1952. A primeira ‘gazela’ entrou em uso alguns anos depois. Já o carro de polícia mais famoso de todos foi o Giulia Super. Mas a polícia local usou muitos outros modelos da marca, como Matta, Alfasud, Alfa 75, Alfetta, 156, entre outros. Hoje, o Giulia é um dos selecionados.
História
Nascido em Turim (Itália), Orazio Satta Puliga sempre foi fã da Alfa Romeo. A paixão era tanta que ele foi parar no cargo de diretor de design da marca, em 1946. Porém, sua tarefa não era nada fácil pois, além de reconstruir tudo o que havia sido destruído pela guerra, teve que transformar uma empresa artesanal em algo moderno, com produção em série.
Para cortar custos, um de seus primeiros passos foi terceirizar a fabricação de peças secundárias e, claro, criar os novos modelos passíveis de produção em massa.
Foi assim que, em 1950, nasceu o 1900. O primeiro modelo que abandonou os tradicionais motores de seis e oito cilindros para dar lugar ao quatro cilindros com cabeçote de alumínio e alimentação por carburador único. Disponibilizando boa performance, o modelo entregava potência de 80 cv.
Tido como o primeiro Alfa Romeo a ser produzido em linha de montagem, revolucionou. Seu tempo total de fabricação foi reduzido de 240 horas para apenas 100 horas, o que alavancou suas vendas. O sucesso foi tanto que teve várias versões: 1900 TI, 1900 C Sprint e Super Sprint e 1900 Super que aliás, venceu importantes competições internacionais dentro de sua categoria.
Com base na mecânica do 1900, nasce a série dos protótipos BAT (Berlinetta Aerodinamica Técnica), assinados por Bertone. Pulando um pouco na história, o mesmo motor do 1900 é ainda adotado pelo AR51, mais conhecido como Matta – um 4×4 que chega com a missão de substituir os veículos off-road do pós-guerra das forças armadas italianas.
Outro sucesso
Outra ligação da Alfa Romeo com a polícia italiana foi o Giulietta – o primeiro ‘gazzella’ dos Carabinieri. Já equipado com sistema de rádio e agilidade de sobra, o modelo foi imediatamente ‘absorvido’ para o mundo das viaturas.
Mais curto, mais estreito e mais leve que o 1900, o Giulietta levou a Alfa Romeo para um novo patamar. Seu exterior moderno e aerodinâmico oferecia o máximo de conforto por dentro, além de uma excepcional aderência à estrada e aptidão à alta velocidade. Seu motor (totalmente em alumínio) produzia 65 cv, atingindo velocidade máxima de 165 km/h.
No Salão de Turin (Itália) de 1954, o Giulietta fez sua estréia em forma de cupê. O Giulietta Sprint, projetado por Bertone, era um carro baixo, compacto e ágil que se tornou um clássico. O modelo ficou tão popular que ganhou o apelido de ‘namorada da Itália’, vendendo mais de 177 mil unidades.
Giulia
Com estrutura apta a absorver choques, proteção extra aos ocupantes e outras soluções, como o motor twin-cam de 1.6 litro o Giulia foi desenvolvido no então inovador túnel de vento, priorizando o coeficiente de arrasto. Eram 0,34 cx. Mais um ponto para a fabricante, que vendeu mais de 570 mil exemplares, tornando-o um verdadeiro ícone italiano – presente, aliás, em várias produções do cinema local.